Desde agosto de 2020 o Banco Central começou a manifestar um interesse em desenvolver uma moeda digital brasileira. Chamada de Real Digital, essa moeda seria uma extensão da moeda física, porém feita para ser usada digitalmente.
Embora estejam cada vez mais comuns, as moedas digitais de bancos centrais (ou CBDC, na sigla em inglês) ainda geram muitas dúvidas. Elas são seguras? Por que criá-las? Como elas beneficiam um país? É a mesma coisa que uma criptomoeda? Neste artigo, buscaremos responder algumas dessas perguntas.
As CBDC — Central Bank Digital Coin — são moedas digitais desenvolvidas pelos bancos centrais de diferentes países. A prática tem se tornado cada vez mais frequente, não apenas em países desenvolvidos, mas também em países emergentes, como é o caso do Brasil.
China, Estados Unidos, Equador e Uruguai são apenas quatro dos inúmeros países que vêm colocando em prática essa criação. De acordo com o relatório de 2020 do BIS (Bank for International Settlements), 80% dos representantes de bancos centrais do mundo estão trabalhando em direção ao desenvolvimento de uma CBDC. Mas por quê?
A criação de uma moeda digital pelo banco central pode ser motivada por diversos fatores. Alguns deles são:
No caso de países desenvolvidos, como Estados Unidos e China, há também o objetivo de aumentar a competição do sistema de pagamento, o que aquece a economia. E isso tudo contribui para adaptar ainda mais o país ainda mais à revolução digital que vêm transformando o nosso modo de pensar os negócios.
Nesse sentido, as CBDC são formas de modernizar e dinamizar a economia dos países. No caso do Real Digital, somam-se aos objetivos do projeto:
Ou seja, é uma possibilidade de crescimento e inovação tecnológica para os países, que estimula a economia e que permite o maior desenvolvimento de diversos setores.
Ainda é cedo para determinar com certeza quais são os riscos e benefícios das CBDC. Como essas moedas ainda estão em desenvolvimento, é impossível saber as consequências do seu uso prático. No entanto, nós podemos imaginar algumas coisas.
A primeira é que as CBDC podem gerar uma maior inclusão da população no sistema financeiro. Isso porque elas facilitam o manuseio do dinheiro e diminuem os seus riscos. Com a maior presença de bancos digitais e um maior acesso da população a essas tecnologias, é possível promover esse crescimento digital.
Outro possível benefício das moedas digitais é a transação entre países facilitada. Uma vez que tudo acontece digitalmente, a transferência de dinheiro de um país para outro, com as devidas aplicações de taxas, será mais prática. Além disso, torna-se possível ter acesso à moeda local sem depender de casas de câmbio ou cartões de crédito internacionais.
Um exemplo de uma tecnologia financeira digital que tem facilitado a vida das pessoas é o PIX. Esse sistema de transferências 24 horas e sem taxa ainda pode ser muito explorado pelo Banco Central, mas também serve como uma previsão do que as moedas digitais podem possibilitar. Ou seja: há muito espaço para inovação!
Esta é uma dúvida bastante comum, afinal tanto as CBDC quanto as criptomoedas existem apenas no ambiente digital. No entanto, é importante deixar claro que elas não são a mesma coisa. E isso se dá por alguns motivos.
O primeiro e mais importante deles é que as criptomoedas têm natureza privada. Isso significa que elas não estão vinculadas a uma economia ou país específicos. São, na verdade, um ativo digital e de alcance global. E são protegidas por algoritmos criptográficos e protocolos descentralizados.
Além disso, criptomoedas não tem nenhuma relação com as moedas emitidas pelos governos. E uma das suas maiores características é justamente a possibilidade de especulação gerada graças à sua liberdade.
Já as CBDC são completamente diferentes disso. Ela pode ser usada para pagamentos, mas não são um criptoativo, estão intimamente ligadas à moeda local e ao governo — tanto que é criada pelo Banco Central — e, além disso, não tem nenhum valor especulativo.
Soma-se a isso o fato de as CBDC estarem atreladas às autoridades centrais de um país, que são responsáveis pela ocorrência de problemas e pela sua regulação. Por fim, elas são rastreáveis e transparentes, garantindo a segurança dos usuários.
Ainda não é possível determinar o nível de segurança das CBDC, uma vez que estas ainda estão em fase de desenvolvimento. No entanto, é possível afirmar que, por estarem atreladas ao Banco Central, a segurança será uma prioridade.
Questões de rastreabilidade e transparência das moedas digitais ainda não foram definidas. É possível inclusive que elas variem entre governos, se adaptando melhor ao modo de vida das diferentes populações. No entanto, uma opção que vem sendo estudada é a possibilidade de oferecer alta privacidade para transições menores e alta rastreabilidade para transições maiores.
De toda forma, é importante salientar que as CBDC são a versão digital de moedas que já existem. O Real Digital não será diferente do real físico, que usamos cotidianamente. Por isso, é possível pensar que as dúvidas sobre a sua segurança ou usabilidade serão devidamente respondidas ao longo do desenvolvimento da moeda.
A criação das moedas digitais é uma inovação muito interessante e que pode ter efeitos positivos no mercado e na economia brasileira. Por isso, é importante ficar atento ao seu avanço. E agora que você já entende melhor sobre a CBDC, aproveite para saber tudo sobre o Open Banking também !